22 de fev. de 2010

BRASIL, SEM CHANCES OU CEM CHANCES?


FRAGMENTOS DO LIVRO
VERSOS, PROSAS E DESABAFOS

José Amauri Clemente





BRASIL, SEM CHANCES OU CEM CHANCES?

Cem chances vejo em meu povo
Sem medo vou declarar
Cem mil oportunidades
Sem querer deixar passar
Cem vezes cinco é a idade
Sem gozar felicidade
Cem chances de melhorar

Sem alguém que tome a frente
Cem ou mais querendo ser
Sem merecer confiança
Cem querendo se eleger
Sem poder mais confiar
Cem ou mais para cobrar
Sem ninguém querer fazer

Cem lugares pra turistas
Sem ninguém para investir
Cem paises de olho em nós
Sem ninguém pra garantir
Cem ou mais só pra crescer
Sem ninguém pra defender
Cem milhões pra investir

Sem fugir da violência
Cem dizem: Vou resolver!
Sem ver promessa cumprida
Cem ou mais querendo ser
Sem o pobre ir pra frente
Cem ou mais pra presidente
Sem ninguém para escolher

Cem emissoras de rádio
Sem prestar serviço ao povo
Cem jornais pra dar notícias
Sem trazer algo de novo
Cem violências por dia
Sem dar ao povo alegria
Cem pra explorar o povo

Sem segurança nas ruas
Cem policiais bandidos
Sem escapar do seqüestro
Cem ou mais correm feridos
Sem hospital pra cuidar
Cem por dia pra chorar
Sem socorro ao desvalido

Cem que mostram a cultura
Sem ter apoio total
Cem querendo ter futuro
Sem oportunidade igual
Cem que pregam a verdade
Sem ninguém dar liberdade
Cem querendo ver o mal

Sem encontrar um trabalho
Cem que correm pra buscar
Sem ter carteira assinada
Cem que só vão lá buscar
Sem um salário por mês
Cem ganham de uma só vez
Sem ninguém pra reclamar

Cem milhões em dívida externa
Sem ter grana pra pagar
Cem mil no bolso dos homens
Sem ninguém pra investigar
Cem salários para um só
Sem esperar o melhor
Cem famílias pra chorar

Sem ter ajuda dos ricos
Cem choram para comer
Sem ter comida na mesa
Cem jogam sem mais querer
Sem investimento novo
Cem querem o voto do povo
Sem ver o que é pra fazer

Cem dizendo sim a ALCA
Sem pensar no que virar
Cem querendo encher o bolso
Sem na Amazônia pensar
Cem pensando só em festa
Sem valorizar a floresta
Cem que a querem levar

Sem darem jeito ao corrupto
Cem choram pedindo paz
Sem pensar no pobrezinho
Cem deixam o pobre pra traz
Sem ver o necessitado
Cem buscam o bom resultado
Sem ver um sendo capaz

Cem atrás de ferndandinho
Sem querer capturar
Cem ganhando do terror
Sem querer se entregar
Cem que matam pelo vício
Sem verem o desperdício
Cem na fila pra roubar

Sem haver preocupação
Cem querem vitória ligeiro
Sem buscar os resultados
Cem só pensam no dinheiro
Sem pensar em trabalhar
Cem prontos para roubar
Sem a justiça primeiro

Cem ver somente novela
Sem ver a vida real
Cem vivem de fantasia
Sem ver os que passam mal
Cem esperam um bom futuro
Sem querer sair do muro
Cem dão o golpe fatal

Sem música boa pra ouvir
Cem compram o que aparecem
Sem escola pra estudar
Cem estudantes perecem
Sem aumento dos salários
Cem ficam milionários
Sem ter o que eles merecem

Cem correm para o cinema
Sem dinheiro pra gastar
Cem buscam auxilio nas drogas
Sem pensar no que vai dar
Cem ensinam aos viciados
Sem escola pra os coitados
Cem os ensinam matar

Sem torres gêmeas pra ver
Cem choram os falecidos
Sem Binlad aparecer
Cem em busca dos perdidos
Sem o dólar decair
cem já pensam em desistir
Sem levantar o caído

Cem clamam por segurança
Sem policiais na rua
Cem querendo trocar roupa
Sem querer comprar a sua
Cem mil ou mais flagelados
Sem roupas para os coitados
Cem querendo pousar nua

Sem roupa uns aparecem
Cem choram para vestir
Sem ter cobertor nem cama
Cem vivem a se divertir
Sem amor no coração
Cem jogam fora o seu pão
Sem querer o repartir

Cem que têm sempre de tudo
Sem lembrar do povo pobre
Cem que vivem aí sem nada
Sem ter um grama de cobre
Cem que gastam por gastar
Sem do pobre se lembrar
Cem que nascem e morrem nobre

Cem na Casa dos Artistas
Sem pensar no abandonado
Cem que vivem do partido
Sem gastar o acumulado
Cem que dizem: vote em mim
Sem achar isso ruim
Cem que são sempre enganados

Sem Nicolau na cadeia
Cem encobre seu defeito
Sem encontrar o maluco
Cem que dizem: Vou dar jeito!
Sem o principal culpado
Sem pegar o acusado
Cem que esperam de peito

Sem segurança na escola
Cem viciam-se logo cedo
Sem ter quem enfrente o tráfico
Cem não guardam mais segredo
Sem ter consolo nem paz
Cem que promete e não faz
Sem poder fugir do medo

Cem que vão para São Paulo
Sem pensar na violência
Cem que exploram o Nordeste
Sem peso de consciência
Sem que prometem encanar
Sem ver a água chegar
Cem ou mais indo a falência

Sem acesso ao telefone
Cem ou mais com internet
Sem dinheiro pra comprar
Cem sabidos que promete
Sem poder mais confiar
Cem que dizem melhorar
Sem ganhar nem para o frete

Cem que compram no cartão
Sem querer mesmo pagar
Cem com o nome no SERASA
Sem ninguém pra lhe ajudar
Cem que roubam de montão
Sem ter mais nem um tostão
Cem que vivem pra explorar

Sem lei sair do papel
Cem vivem da vida alheia
Sem menor pagar por crime
Cem vivem sem cara feia
Sem justiça a justo peso
Cem cidadãos vivem presos
Sem bandido na cadeia

Cem em busca do maníaco
Sem saber onde encontrar
Cem que vão para o trabalho
Sem saber se vão voltar
Cem que vivem bem folgado
Sem medo do delegado
Cem que vivem pra explorar

Sem uma moeda forte
Cem que dizem vai dar certo
Sem conhecer o futuro
Cem que mostram ser esperto
Sem esperar algo mais
Cem que dizem nunca mais
Sem querer sair de perto

Basta de tanta promessa
Muitos CEM tem pra fazer
Tantos SEM tem pra tirar
Tanto espaço pra crescer
Basta alguém pra dirigir
E um líder para agir
E poderemos vencer

Amor falta um pelo outro
Mostra-se em aberto céu
As promessas que fizeram
Ultimato foi ao léu
Ricos que vivem crescendo
Inimigos que vivendo
Fazem dessa vida um fel.


JOSÉ AMAURI CLEMENTE
AGOSTO DE 2004

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