SOU EU, ALAGOAS


TEXTO VENCEDOR DO CONCURSO PÚBLICO Nº 01/2017 - PROSA SOBRE OS 200 ANOS DE EMANCIPAÇÃO POLÍTICA DE ALAGOAS
Autor: José Amauri Clemente
DIÁRIO OFICIAL DO ESTADO
Sou eu, Alagoas


      Quando lá portugueses “aportaram” seus navios nas areias quentes de um local qualquer das terras de Vera Cruz, já a tempos remotos estava eu, habitada e em paz com meus Caetés. Tais nomes talvez desconhecidos, mas felizes. Em meio as verdejantes e habitadas florestas era o Pau-Brasil o rei dos arbustos, embora não fosse o maior. Tupi-guarani era a língua mais conhecida e falada neste lugar. Nossos deuses, nossas crenças, nossos ideais de preservação, nossa reverencia ao sol e a lua completavam nosso respeito e devoção ao deus Tupã, representado entre os homens pelos Pajés, que eram ao mesmo tempo mestre, doutores, professores e conhecedores dos diversos segredos medicinais das plantas e dos mistérios, vezes revelados vezes camuflados em lendas como a Caipora e muitas outras que no futuro se tornariam folclore.
    Mundaú, Capiá, Coruripe, Manguaba, Camaragibe, Ipanema, Marituba, Jatobá, São águas que como o São Francisco espelham o céu sempre azul de terras que em mil oitocentos e dezessete conquistou sua independência ao ser desligada do Estado de Pernambuco. A maioria dos que me conhece, desconhece a maior parte das lutas travadas em busca da verdadeira liberdade, para alguns já conquistada, para outros tão sonhada. “Coronéis” “donos” “proprietários” “herdeiros”, “colonizadores” “hereditário” ... São muitos os pseudônimos e títulos criados por várias gerações de invasores a fim de justificarem a tomada dessas terras, fatos que fazem de nossa história uma das mais sangrentas do Nordeste, ou quem sabe, do Brasil.
      Sou Alagoas das lutas, das batalhas, das guerras, das derrotas e das vitórias. Sou cana de açúcar, sou algodão, sou os bananais, sou Quilombo dos Palmares, refúgio dos explorados e perseguidos por ter a cor da pele diferente, sim! diferente dos invasores, mas igual as das tribos que cultivaram a terra e a tornaram férteis. Sou Porto Calvo testemunha da força dos combates na expulsão dos invasores no século XVI, sou prova da exploração de mão-de-obra barata nas usinas e plantações de cana-de-açúcar em quase todas as regiões do Estado, mesmo depois de sua suposta “independência”. Sou usineiros, camponeses, sou até fatos escondidos ou esquecidos, guerras, carnavais, protestos, fome, fartura, derrotas e vitórias, eleitos e eleitores, certos e errados, fábulas e verdades, sou segredos e mistérios ainda não revelados. Há quem diga que a milhares de anos até os dinossauros passearam por essas terras. Fato ou ficção, só o tempo dirá. Deixemos que arqueólogos comprovem a existência, ou não, de animais pré-históricos em Viçosa, Santana do Ipanema, Atalaia, São Miguel dos Campos Porto de Pedras Capela e Anadia.
     Sou Alagoas, governada pela primeira vez por Sebastião Francisco de Melo e Póvoas em 22 de janeiro de 1819. Alagoas dos famosos que relembro como hoje os dias ilustres dos seus nascimentos. Sou Graciliano Ramos dado como presente a Quebrangulo em 27 de outubro de 1892, Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, dádiva de Passos de Camaragibe em 03 de maio de 1910 que se tornou imortalizado nos dicionários da Língua Portuguesa, escritor Jorge de Lima, joia rara garimpada em União dos Palmares, Mestre Zumbi nascido em 1655. Sou testemunha ocular do nascimento de Guimarães Passos, Mário Jorge, Djavan, Hermeto Paschoal, Cacá Diegues, Teotônio Vilela, Levo Ido, Marechal Deodoro da Fonseca, Virginia de Morais, Marechal Floriano Peixoto, Nise da Silveira, Dom Avelar Brandão, Florentino Dias, Arthur Ramos. Sou os anônimos e pseudônimos, lembrados ou esquecidos, sou crimes não revelados e fatos já relatados, sou bandeira vermelha como sangue, sou o branco da paz que sempre almejo, sou azul desse céu que hoje vejo com o sol sempre quente a clarear, sou poesia dos poetas sou palavra na mente ou no papel, seja prosa ou verso no cordel tenho ainda segredos a contar. Marechal Deodoro, nome do ilustre alagoano, que emprestou seu nome a primeira capital, hoje tombada como patrimônio cultural e artístico. Alagoas dos coqueirais, e como escreveu o poeta “do sol, do sal de Maceió”. Sou Alagoas, que acolheu na cidade de Água Branca em 1918 o jovem Virgulino Ferreira, que mais tarde se tornaria, Lampião o rei do Cangaço.
     Alagoas da região Nordeste de um país de riquezas insondáveis, do qual ocupo 27.778,506 km². Brasil de muitas cores! Não estou entre os maiores Estados que te formam, mas sou parte do corpo que tens! Sou participante do teu crescimento no cultivo de cana de açúcar, criação de gado, instalações de engenhos e usinas, plantio e exportação de algodão, laranja, banana e coco verde, dos incontáveis frutos do mar, dos caranguejos, suru-de-capote, da quase infinita quantidade de peixes espalhados pelos rios e mares dessa imensidão de águas doces e salgadas. Alagoas dos manguezais, dos coqueirais de Japaratinga, das areias quentes nos mais de 150km de litoral. Brasil! Sabes tanto sobre Sergipe de quem vizinho sou? Somos separados pelo São Francisco, águas descobertas e batizadas por Américo Vespúcio em 1501. Que sabes tu sobre a Bahia? Estado que embora tão perto temos culturas e costumes diferentes? Pernambuco, a quem um dia pertenci, mas por guerras fui dele separado, tem cultura e ritmos mui distintos muito embora por nós apreciados. O oceano nos une nessa imensidão de praias por diversos batizadas: Sete Coqueiros, Guaxuma, Ponta Verde, Ipioca, Praia do Gunga, Pontal da Barra, Cruz das Almas, Pajuçara e outras que de tão belas têm-se diversificados seus nomes. Mares que foram testemunhas oculares das invasões holandesas que resultaram na destruição de engenhos, igrejas, vilas e povoados, além da exploração indevida do Pau-Brasil. Entre tantas vilas de então, hoje cidades que compõem o território alagoano, Santa Luzia do Norte foi a maior testemunha da carnificina nas batalhas entre portugueses e holandeses pela posse das terras Alagoanas e exploração de suas riquezas. Seria Alagoas testemunha única dos crimes ainda não solucionados? Quando a passos lentos caminho, mesmo depois de duzentos anos de independência sinto-me ora forte, ora debilitada. Aprendendo com fatos como o de Paulo Cezar Farias, a renúncia do Governador Divaldo Suruagy, sofro ainda as penas do Plano de Demissão Voluntária (PDV), ora orgulhando-me dos representantes, ora chorando de vergonha. Quem dera fosse somente arte e que os maus momentos fossem apenas estórias fictícias sobre os aplausos do público no Teatro Deodoro ou em tantos outros palcos ainda desconhecidos no Estado. Dói ou faz sorrir o Collor do impeachment? Aliás faze-me lembrar que não muito longe, o Governador Sebastião Marinho Muniz Falcão sofreu a mesma dor quando foi expulso do governo de Alagoas sofrendo o primeiro impeachment da história do país. Embora seja um fato pouco comentado até mesmo nas escolas, este acontecimento teve início em 1955 quando Muniz Falcão derrotou Afrânio Lages nas eleições para governador do Estado. Acusado de comunista, parte da elite alagoana ficou contra seu governo, o aumento dos impostos dos usineiros causou revolta, resultando na morte de alguns políticos do Estado. O governador foi Acusado do assassinato do deputado Marques Silva, morto na cidade de Arapiraca. Foi então que o Parlamentar Oseias Cardoso fez o primeiro pedido de Impeachment. Em 13 de setembro 1957 no dia da votação pela expulsão do governador, a Assembleia Legislativa foi manchada de sangue quando serviu de palco para o assassinato do deputado Humberto Mendes. O principal acusado do disparo foi o Deputado Virgílio Barbosa, a “reunião” terminou com um morto e oito feridos, houve Intervenção Federal no Estado e o governador foi afastado do cargo, mas recorreu da decisão, reassumiu e governou Alagoas até 31 de janeiro de 1961. Teria Muniz Falcão cometido o crime pelo qual fora acusado? Fatos e fábulas se misturam e formam nossa história. Alagoas dos segredos e das revelações, Alagoas de Ceci Cunha assassinada junto com alguns parentes em uma chacina na noite de 16 de dezembro de 1998 horas depois de tomar posse como Deputada Federal. O crime brutal fora encomendado pelo suplente de deputado Pedro Talvane Gama de Albuquerque Neto. Depois de tantos anos, para muitos, caso resolvido após o julgamento e condenação dos autores dos crimes, para outros, injustiça ou apenas mais um caso a ser somado aos ainda sem solução, em andamento ou arquivados. Sou o Estado da conhecida Gangue Fardada e da Operação Taturana, dois dos acontecimentos que mais vergonha trouxe à nossa história, casos ainda não resolvidos, crimes não solucionados, culpados ainda não julgados e sentenças que se acumulam nos fóruns e nas mentes dos que as vivenciaram ou tornaram-se conhecedores.
      Sou Alagoas dos “endinheirados”, e tenho me perguntado: É o dinheiro que me compra ou gritos que me amedrontam a cada outubro vivido?
     Sou Alagoas do serrado, da seca e do sol causticante, do sertanejo que se agarra a fé e faz jus a frase “sertanejo é povo sofrido” como um contraste vivido ao mesmo tempo, Alagoas das muitas águas que faz jus ao seu nome, embora haja divergência em sua origem. Vila das Alagoas, teria sido este o motivo do nome Alagoas? Ou seria a quantidade de lagoas que cobrem o território? Que importa? Afinal de contas continuo sendo Lagoa Manguaba, Mundaú, Tororó, Jequiá, Jacobina, Santiago, Nova Lunga, Porcos, Canto e tantas outras que foram batizadas com diversos nomes e crenças. Nove Ilhas, as piscinas naturais, Maragogi, Pajuçara, Praia de Paripueira e seus belos carnavais, São Miguel, Praia do Gunga e tantas outras tais. A cultura musical atrai e encanta os turistas: Violeiros, cantadores de embolada, coco-de-roda, pastoril, guerreiro, toadas, cordéis, forró, xote, baião e até Maracatu, que embora vindo de outras terras fazem parte da mistura cultural dos africanos com os indígenas, e como nossa cultura fora formada em grande parte por esse povo, posso me considerar um Estado “maracatuense”.
    Porto de Jaraguá foi o responsável por grande parte da decisão de mudar a capital do Estado para Maceió em 09 de dezembro de 1839. Devido ao seu grande desenvolvimento tem sido orgulho para os alagoanos até os dias atuais. Ora esquecido, ora lembrado, revitalizado e novamente desprezado, foi e sempre será parte da origem das Alagoas.
    Maceió dos coqueirais, dos bonitos vendavais, das piscinas naturais que tanto encanta os turistas, impossível Maceió, Capital, não te amar, mais difícil é te deixar ô sol que encanta a vista dos que vêm apreciar as proezas dos artistas.
    São 102 municípios com culturas e histórias diferentes, cada um tem sua maneira de se destacar, sejam os pontos turísticos, as orlas, os rios, a cultura, a lavoura ou até mesmo a seca e a fome, todos eles têm sim o que mostrar. Coco-de-roda, guerreiro, repentistas cantores violeiros, tem aqueles que tocam com o pandeiro para que assim todos possam apreciar. Alagoas dos versos conhecidos, dos poetas anônimos escondidos e dos historiadores bem sucedidos que nos mostram o caminho pra chegar.
    Chegar a Água Branca, Anadia, Arapiraca, Atalaia, Barra de Santo Antônio, Barra de São Miguel, Batalha, Belém, Belo Monte, Branquinha Cacimbinha, Cajueiro, Campestre, Campo Alegre, Canapi, Canela, Carneiros, Chã Preta, Coité do Noia, Colônia Leopoldina, Coqueiro Seco, Coruripe, Craíbas. Delmiro Gouveia, Dois Riachos, Estrela de Alagoas, Feira Grande, Feliz Deserto, Flexeiras, Girau do Ponciano, Itabeguara, Igaci, Igreja Nova, Inhapi, Jacaré dos Homens, Jacuípe, Japaratinga, Jaramataia, Jequiá da Praia, Joaquim Gomes, Jundiá, Junqueiro, Lagoa da Canoa, Limoeiro de Anadia, Maceió, Major Isidoro, Mar Vermelho, Maragogi, Maravilha, Marechal Deodoro, Maribondo, Mata Grande, Matriz de Camaragibe, Messias, Minador do Negrão, Monteirópolis, Murici, Novo Lino, Olho d'Água das Flores, Olho d'Água do Casado, Olho d'Água Grande, Olivença, Ouro Branco, Palestina, Palmeira dos Índios, Pão de Açúcar, Pariconha, Paripueira, Passo de Camaragibe, Paulo Jacinto, Penedo, Piaçabuçu, Pilar, Pindoba, Piranhas, Porto das Trincheiras, Porto Calvo, Porto de Pedras, Porto Real do Colégio, Quebrangulo, Rio Largo, Roteiro, Santa Luzia do Norte, Santana do Ipanema, Santana do Mundaú, São Brás, São José da Lage, São José da Tapera, São Luís do Quitunde, São Miguel dos Campos, São Miguel dos Milagres, São Sebastião, Satuba, Senador Rui Palmeira, Tanque D'Arca, União dos Palmares, Taquarana, Teotônio Vilela, Traipu e Viçosa. Chegar até mesmo aos lugares que nem sequer podem ser vistos nos mapas, Pequenos vilarejos, distritos e assentamentos espalhados por todo o Estado, formado por semelhanças e diferenças, com nomes fundados ou baseados nas histórias ou estórias que poucos conhecem: Várzea do Pico, Tinguí, Alto dos Coelhos, Tabuleiro, Tabuleiro Grande, Brejo Novo, Tapera, Cangandu, Taboquinha, Bananeiras, Bálsamo, Pau D'arco, Baixa da Onça, São Francisco, Canaã, São José, Corredor, Umbuzeiro, Ceci Cunha, Vila Aparecida, Bom Jardim, Barro Vermelho, Pau Ferro Dos Laranjeiros, Sítio Carrasco, Sítio Poção, Cangandu , Sítio Cajarana, Cangandu, Lagoa Seca, Pau Ferro, Sítio Olho D'água dos Dadanhos, Santo Antônio, Olhos-D'água, Boca da Mata, Sapucaia, Branca, Usina Ouricuri, Porangaba, Agrovila do Pai São Luís, Agrovila do Pau, Boa Fé, Palatéia, Saúde de Baixo, Piranhas, Dionel, Cabeça Dantas, Restinga, Barra do Ipanema, Olho-D'água Novo, Piranhas, Riacho da Jacobina I, Peri-Peri, Chá dos Leões, Ouro Branco, Minador do Lúcio, Usina Porto Rico, Vila dos Motoristas, Rua Brasília, Luziapolis, Chã de Embira, Mineiro, Poço da Lagoa, Boqueirão da Maraba, Forquilha, Capiá Da Igrejinha, Sítio Jaburu, Iraque, Usina João De Deus, Santa Efigênia, Oitizeiro De Baixo, Mumbuca, Boqueirão Do Ivo, Cadoz, Santa Teresinha, Pindorama, Bom Sucesso, Botafogo, Poxim, Vila Poxim, Craíbas, Pau Ferro, Folha Miuda, Ricahão, Lagoa Do Algodão, Marruas, Lagoinha, Cruz, Jardim Cordeiro, Barragem Leste, Valha-Me-Deus, São Sebastião, Sinimbu, Gangorra, Comunidade Juá, Maria Bonita, Maria Cristina, Salgado, Rebeca, Pai Mané, Lagoa Do Canto, Renascença, Serra Bernardino, Impueiras, Aldeia Indigena Tingui-Botó, Olha D’agua Do Meio, Massapê, Taboquinha, Sitio Novo , Carrasco, Macambira, Santana, Taboca, Sitio Virginha, Olho Dágua Dos Dandanhos, Mata, Tabocal, Pontes, Jaciobá, Canafistuloa, Rancho, Algodão, Mata Vermelha, Serrinha, Alto dos Balbinos, Alecrim, Barbosa, Boqueirão, Lagoa Das Piabas, Caraiba Dos Ferros, Lagoa Grande, Canafístula De Baixo, Caldeirão, Lagoa Grande Das Paulinas, São Cristovão, Poço, Traíras, Genipapo, Canastra, Roçadinho, Lagoa Do Caldeirão, Lagoa do Capim, Novo Rio, Lagoa Do Felix, Caraibinha, Coité das Pinhas, Ilhas das Antas, Peruçada, Alagoinha, Ipiranga, Tabuleiro Dos Negros, Chinaré, Cajueiro, Conceição, Flexeiras, Capim Grosso, Fazenda Nova, Palmeira Dos Negros, Serraria, Castanho Grande, Sitio Gravatá, Catitu, Aldo da Madeira, Barreira do Boqueiraao, Campo Alegre, São Pedro, França, Paturas, Alagoinha, Lagoa Azeda, Ponta De Pedra, Barro Branco, Porto Rico, Wassu Cocal, Retiro, Palmeirinha, Barro Vermelho, Riachão, Olhos D´Agua, Camadanta, Pau Darco, Jenipapo, Terra Nova, Camadanta, Pe Leve Velho, Lagoa Do Pé Leve, Craíbras, Cadoz, Chã Do Genipapo, Mamoeiro, Capelinha, Riacho dos Alexandres, Riacho Do Sertão, São Bento, Barra Grande, Bugalhau, Antunes, Xareu, Ponta Do Mangue, Dourado, Peroba, São Cristovão, Cedro, Mata Verde, Santa Rosa, Lameiro, Pau-Ferro Velho, Santa Cruz do Deserto, Morro Vermelho, Ouricuri, Terra Nova, Lagoa das Ovelhas, São José, Agreste, Sobradinho, Uruçu, Itajuba, Pedrão, Poço Comprido, Ponta Da Serra, Fazenda Nova, Poço da Cacimba, Santo Antonio, Bonifacio, Lajes Caldeira, Lado do Caldeirão, Coruripe De Cal, Santo Antonio, Riacho do Santo, Caldeirõs de Cima, Canafistula, Lagoa Do Canto, Ilha Do Ferro Meirus, Impueiras de Baixo, Lagoa da Pedra, Machado, Limoeiro, Jacarezinho, Santiago, Caraibeira dos Teodosios, Aldeia Indigena Jeripancó, Campinhos, Marcação, Burnil. Tantque, Gangorra, Bom Despacho, Marceneiro, Barra Do Camaragibe, Fazenda Jundiá, Farende Periperi, Vila São Francisco, Tabuleiro dos Negros, Itaporanga, Cohab Da Palmeira Alta, Cooperativa Nucleo Ii, Marituba do Peixe, Ponta Mofina, Carapina, Pescoço, Manibu, Embira Ii, Castanho Grande, Penedinho, Marituba, Retiro, Pontal Do Peba, Potenji, Entremontes, Piaú, Lagoa Nova, Quandu, Varzea de Dona Joaoa, Jorge, Algo do Tamanduá, Caxangá, Tatuamunha, Aldeia Indígena, Kariri-Xocó, Girau do Itiúba, Castro, Barra do Itiúba, Castro, Barra do Itiúba, Tapera da Barra, Carnaíbas, Flexeiras, Boqueirão da Maraba, Canoa de Baixo, Caprim Grosso, Palmeira dos Negros, Rua Nova, Vila de São Francisco, Canoas, Complexo do Brasil Novo, São Felix, Areias Brancas, São Raimundo, Alto do Tamanduá, Munguba, Lagoa Comprida, Tibiri, Jirau do Itauba, Caruruzinho, Pilões, Torrões, Caboclo, Santa Cruz, Paraíso, Bananal, Tapuia, Santa Rita, Barro Branco, Lagoa Seca, Cha da Prata, Aldeia Indigena Karapoto, Curralinho, Terra Nova, Cana Brava, Taboquinha, Serra, Tabuleiro de Dentro, Santa Apolonia, Candunda, Vila Aparecida, Lagoa Grande, Pau do Descanso, Cruzes, Gulandim, Agua de Menino, Sucupira Torta, Mutuns, Fazenda Matro do Roberto, Imburi do Inacio, Lagoa 2, Riacho Jacobina, Pinhas, Capivara, Santa Cruz, Jaciobá, Olha D’agua da Serca, Manuéis, Munbaça, Bom Jardim, Vila Santo Antonio, Lagoa Grande, Carada, Olho D’agua do Campo, Lagoinha, Lagoa Dos Veados, Uruçu, Sitio Patos, Algodão, Caipe, Timbó, Santa Fé, Jacinto, Rocha Cavalcante, Anel, Bananal, Cascuda.
     Lugares pequenos, muitas vezes isolados sem acesso aos mais comuns meios de comunicação, mas, fizeram, fazem e farão parte da história desse Estado. São estes também responsáveis por grande parte da produção de frutas, legumes, verduras e carnes consumidas por grande parte da população do país e até mesmo fora dele. Nas grandes fazendas ou pequenos sítios, sou Alagoas das produção de queijo, rapadura, farinha de mandioca, doces e salgados, seja nas maiores fábricas ou na cozinha da vendedora ambulante que grita no meio das feiras-livres chamando atenção dos compradores. Alagoas dos barracões que resistem ao tempo, onde crédito se conhece por “fiado” e um simples caderno de anotações toma o lugar da planilha. Em cada cantinho dessas terras têm um forte Nordeste que nunca desiste dos sonhos. O pequeno agricultor mesmo sabendo que não pode concorrer com os grandes produtores, insiste em cultivar seu próprio alimento, seja em terras áridas e secas, onde apenas um “brejinho” serve de fonte para regar a roça ou em muitos equitares regados por longos rios ou pelas chuvas que caem nos meses de março a setembro, muitas vezes trazendo esperança, outras deixando prejuízos. Alagoas que produz de quase tudo um pouco: Feijão, milho, cana-de-açúcar, Laranja, Abacaxi e até mesmo o Fumo, planta que insiste em ser cultivada no Município de Arapiraca, uma das maiores cidades do Estado.
    Que dizer de um povo que viu não poucas vezes seus sonhos serem arrastados pelas águas das enchentes dos principais rios do Estado? Ou do sertanejo que nasceu sendo testemunha da seca e aprendeu a tê-la como companheira a maior parte de sua vida? Viver numa região com sol escaldante que mais inimigo é do que companheiro, que insiste em castigar quando na verdade deveria acalentar, só é possível quando se aprende a conviver com o inimigo, seja no céu de nuvens escuras que as vezes deixa fartura, em outras arrasta tudo, ou em um “inferno” de terras avermelhadas que aos poucos rouba do agricultor o pouco que ele pensava ter lucrado.
     Alagoas das estradas asfaltadas, das rodagens hora empoeiradas, hora “lameadas”, onde as estações do ano determinam o tráfego. Regiões dos caminhos feitos a pé ou a cavalo, das estradas pisadas pelo gado e pelos caminhões pau-de-arara, dos currais bem feitos ou sucateados, dos grandes e pequenos parques de vaquejadas, ou dos pobres quintais feitos de varas, dos grandes salões de danças e das “latadas” quase extintas. Sou Alagoas dos grandes sanfoneiros fãs do Rei do Baião Luiz Gonzaga, que embora natural de Pernambuco, tão bem cantou e contou a cultura e viveres desse Estado.
       Na indústria há muito o que melhorar, são poucas na verdade, mas todas têm contribuído para o desenvolvimento. Cada município contribui como pode, alguns mais, outros nem tanto: São Miguel dos Campos com a usina Bioflex Agroindustrial S/A, Colônia de Leopoldina tem a Destilaria Porto Alegre, Em Maceió temos Usina Cachoeira, Em São Miguel dos Campos Usina Caeté, Matriz de Camaragibe temos Usina Camaragibe, Cajueiro: Usina Capricho, Rio Largo: Usina Central Leão, Coruripe: Usina Coruripe; Igreja Nova: Usina Marituba; Penedo: Usina Paísa; Campo Alegre: Usina Porto Rico; São Miguel dos Campos: Usina roçadinho, Rio Largo: Usina Santa Clotilde; Porto Calvo: Usina Santa Maria; São Luiz do Quitunde: Usina Santo Antônio; Teotônio Vilela: Usina Seresta; São José da Laje: Usina Serra Grande; Jequiá da Praia: Usina Sinimbu; Marechal Deodoro: Usina Sumaúma; Boca da Mata: Usina Triunfo. Sem falar de empresas como Coca-Cola, Sococo e muitas outras que fazem parte dessa história.
     Sou Alagoas dos meios de comunicação: Internet, Rádio e Televisão. TV Gazeta, TV Pajuçara, TV Ponta Verde e TVE Alagoas. São vários os provedores de internet que nos conectam ao mundo. As emissoras de rádios levam diversão e informação para dentro e fora do Estado.
    Sou Alagoas dos sonhos, Estado ainda Jovem com esperanças que se renovam a cada dia. São duzentos anos de independência, dois séculos de lutas, vitórias, alegrias e tristezas. Vale a pena continuar sonhando! Estou convicta que não se obtém vitória sem haver luta e é nas supostas derrotas que aprendemos a valorizar as vitórias, por isso continuaremos juntos caminhando para sermos um Estado cada vez mais independente, não para sobrevivermos sozinhos, e sim com o máximo de dignidade possível. Uma Alagoas sem preconceitos raciais, religiosos ou de gêneros. Um lugar onde jovens negros possam ter expectativa de vida bem maior, onde os sonhos não sejam interrompidos ou trocados por centavos nas esquinas e nas praças. Um lugar onde a liderança invista no crescimento sem o receio da inveja ou do fracasso. Sou um pedaço desse Brasil que sonha em ser visto não apenas com interesse em minhas riquezas naturais, mas ser valorizado pela cultura, apoiado pelas diferenças, respeitado pela capacidade de fazer dessa nação o melhor País do mundo.
     Se mostrada de forma diferente, fosse eu a Estados e Nações, se nas terras que formam nosso mapa fossem todas leais nossas ações, se unidos a um só, os corações, poderíamos viver sem preconceito, fossem firmes os votados e eleitos, esse fato seria diferente, andaríamos somente para a frente e as histórias seriam sem defeitos.

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