Quando recebi a noticia da morte de Otávio Alexandre da Silva, 18 anos, semianalfabeto, residente na periferia da minha cidade, fiquei chocado com a situação daquela família. A mãe de Otávio criara mais de 10 filhos todos em situação precária. Um deles morrera vítima de álcool e drogas, apenas uma das filhas consegue ainda cursar o ensino médio, enquanto os outros vivem sem expectativa de vida. Os netos, que vieram sem planejamento completam à casa, no total de oito crianças que se viram como podem durante o dia, uma vez que a mãe/avó precisa fazer bicos para somar a um salário mínimo que ganha como gari.
Apesar de todo o sofrimento, a mãe/avó (prefiro preservar o nome) tem conduzido parte dos filhos a uma igreja. Em visita a sua casa ela me contou que o Otávio estava desaparecido há dez dias e seu sentido de mãe tinha certeza que ele não fazia mais parte do mundo dos vivos. Dois dias depois da visita o corpo foi encontrado em estado de putrefação avançado. O caixão seguiu direto do IML para o cemitério.
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