AUTOR: JOSÉ AMAURI CLEMENTE
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Homem bom do jeito dele
Eu nunca havia encontrado
Subiu o morro sorrindo
Deu-me um abraço danado
Entrou em casa cantando
E a todos cumprimentando:
Vim aqui pra ajudar
Pode dizer o que quer
Seja a menino ou mulher
Darei sem nada cobrar
A principio eu estranhei
Alguém com tanta bondade
Depois eu imaginei:
Talvez seja isso verdade
Estendi pra ele a mão
Ele até sentou no chão
Por não ter uma cadeira
Eu até hoje to lembrado
Esse caso foi passado
Num dia de sexta-feira
Perguntou por minha esposa
Eu disse ela não está
Foi ao posto de saúde
A fim de se consultar
- Isso é uma infelicidade
Em toda essa cidade
Não encontrou quem lhe ajude
Pois pode ficar ciente
Que esse homem aqui presente
Vai dá plano de saúde
Eu olhava para ele
Com um paletó bonito
E o bondoso olhar daquele
Pra mim não era esquisito
Um senhor bem elegante
Educado e confiante
Parecendo mais um conde
Eu já tinha encontrado
Com o rosto do danado
Só não me lembrava onde
Sem nojo e sem perguntar
Ali sentado no chão
Disse a meu filho vem cá
A ele estendeu a mão
Disse tome dez reais
Se precisar peça mais
E ainda abraçou o moleque
Disse: Se esse aí não der
Diga quanto você quer
Que eu vou lhe passar um cheque
Olhando para os meus pés
Perguntou: Quer um sapato?
Sei que bom amigo és
Homem honesto e pacato
Por isso que ofereço
Basta só dizer o preço
E nada vou lhe cobrar
Mesmo sem está contigo
Se precisar de um amigo
Basta só telefonar
Tirou do bolso e me deu
Uma "notona" de cem
Olhando nos olhos meu
Disse: Não diga a ninguém
Fazer isso não é certo
Mas sei que tu és esperto
E pra ninguém vais falar
Pois eu como candidato
A mais um novo mandato
Tenho o direito de dar
Quando ele falou assim
Eu depressa fui lembrado
Que estava diante de mim
Um vagabundo safado
Que queria me comprar
E pra me caluniar
Oferecia presente
E seu não fosse educado
Tinha me descontrolado
E lhe dado uns murro nos dentes
Meu moleque ia saindo
Olhando pros dez reais
Feliz, contente sorrindo
Mas a honra vale mais
Eu disse pro camarada:
Com sua cara safada
Vem corromper o povão
Saia com sua malícia
Se não eu chamo a policia
E tu sai no camburão
Pensa que por que sou pobre
Vou me vender pro senhor
Saiba que todo seu cobre
Para mim não tem valor
Não importa o que é você
Nem o que diz na TV
Nem todo o seu dinheirão
Saiba que homem instruído
Nunca pode ser vendido
Nem comprado por ladrão
Enquanto o mundo for mundo
E gente assim como o senhor
Que corrompe mundo e fundo
Pra enganar eleitor
Tu és mesmo uma vergonha
Da política és a peçonha
É triste mesmo saber disso
Mais de tanto eu apanhar
Só aprendi a votar
Em homem de compromisso
Tome aqui a sua nota
Ela é podre para mim
Saia com sua marmota
Não confio em homem assim
Como pode alguém querer
Representar o poder
Sem ser verdade o que diz
O senhor é o culpado
Desse grande resultado
Que tornou-se o meu país.
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