AUTOR: JOSÉ AMAURI CLEMENTE
Eu um dia
caminhava
Por
uma praia sozinho
A beleza
eu avistava
De repente
eu tropecei
No objeto
e olhei
Um
candeeiro no chão
Me abaixei
e peguei
E pra
limpar esfreguei
O objeto
na mão
Foi quando
me apareceu
A
fumaceira danada
Um mais
alto do que eu
Gritando e
dando risada
Dizendo
olhando pra mim
Hô rapaz
até que em fim
Você me
apareceu
Me tirou
desse apertado
Eu tava
aqui sufocado
Sem saber
quem me prendeu
Como
agradecimento
Vou lhe
atender três pedidos
Faço seu
contentamento
Mesmo os
casos mais perdidos
Peça mesmo
o que quiser
Seja
dinheiro, mulher
Casa ou
apartamento
Que eu lhe
dou de bom grado
O que for
do seu agrado
Como
agradecimento
Falei sem
titubear
Pra ver se
era verdade
Quero
grana pra gastar
E matar
minha vontade
O gênio estalou
o dedo
Eu quase
morri de medo
Quando vi
aquele trem
Vinte
vagões alinhados
Com os
caixotes apilados
Tudo de
nota de cem
Eu disse
então, companheiro
Eu quero
ficar bonito
Por que
mesmo com dinheiro
Acho meu
corpo esquisito
Faça uma
cirurgia
Sem dor e
sem agonia
Que eu
quero mudar meu jeito
Quero ser
de um jeito assim
Que quem
venha olhar
Cace e não
ache um defeito
Foi em
questão de segundo
Eu vi meu
rosto mudar
Senti um
prazer profundo
Vendo meus
braços engrossar
A feiura
foi sumindo
Meu corpo
ficando lindo
Que eu nem
acreditei
Minha voz
mudou o tom
Achei
aquilo tão bom
Quase nem
acreditei
Mas
faltava outro pedido
Eu tinha
que caprichar
Mesmo
estando agradecido
Não podia
dispensar
Me veio
então na lembrança
Um desejo
de criança
Que eu tive
um dia na rua
E falei
sem fazer greve
Quero que
você me leve
Pra ver a
terra da lua.
Ele ia
bater palma
Eu disse: pode
parar
Vá sem
pressa, tenha calma
Deixe
primeiro eu falar
Eu não
quero ir voando
Quero ir é
caminhado
E sem
demora chegar
Quero vim
de lá montado
Em um
cavalo selado
Que eu via
papai falar
Pra isso
faça uma ponte
Que vá da terra pra lua
Vá
depressa, nem me conte
Qual é à
vontade sua
Comece
logo e ligeiro
Que eu vou
guardar o dinheiro
Que é pra
ninguém me roubar
E volto
aqui pra saber
Pois antes
do sol nascer
Amanhã
quero estar lá
O gênio
disse: Tá louco?
Pra que
tanto desespero
Você ainda
acha pouco
Eu te dar
tanto dinheiro?
Como é que
eu vou fazer
E me diga
como erguer
Uma coluna
pra lua?
Cadê o
material?
Tu tá é
passando mal
Sai daí, deixa
da tua
Eu falei
então se vire
O gênio
aqui é você
Durma
tarde, sonhe delire
Aprenda
como fazer
Eu quero
trabalho feito
Tudo firme
sem defeito
E faça com
tudo novo
E o tempo tá correndo
Vou acabar
te prendendo
Nessa
garrafa de novo
Rapaz
deixa eu te levar
Monte aqui
nas minhas costas
Eu posso
te carregar
Aceite a
minha proposta
Eu disse
está conversando
Eu quero
mesmo ir andando
Se preciso
eu levo alforje
Faça que
eu tô apressado
Pois eu
quero andar montado
No cavalo
de São Jorge
Senhor tenha
piedade
Não tem
dinheiro que dê
Eu não
tenho nem a metade
Do que dei
para você
Falta o
cimento e a brita
Pedreiro,
cimento e fita
E metro
para medir
Falta a
colher de pedreiro
Acabou o
meu dinheiro
Como é que
eu vou conseguir?
Leve o
resto do dinheiro
Que eu guardei
na poupança
Deixe
desse desespero
Isso é
coisa de criança
Peça o que
o senhor quiser
Até a
minha mulher
Que a
muito tempo não vejo
Invente
que eu realizo
Rapaz
pense crie juízo
Veja aí
outro desejo
Tudo bem,
eu vou mudar
Já que
você tá pedindo
Escute o
que eu vou falar
Fique
esperto, tá me ouvindo?
Sim
senhor, como quiser
Já fiquei
até em pé
Pode falar
de primeira
Qualquer
coisa eu lhe atendo
Pois agora
já estou vendo
Que
qualquer outro é besteira
Quero que
você me faça
Sem negar
nem mudar planos
Na minha
mente se passa
Isso já
faz vinte anos
A Espera vai
ter fim
Você vai
fazer pra mim
Sei que
pode e também quer
Vá logo e
sem brincadeira
E mostre
uma maneira
De
entender minha mulher
Tão grande
foi a surpresa
Que o
gênio caiu pra trás
Tá falando
de certeza
Ou tá
brincando rapaz?
Tu acha
que foi por quê?
Que pedi
pra você
Ficar com
minha senhora
Eu já
penso isso a mais anos
Pode tirar
dos seus planos
Era o que
faltava agora!
Já que lhe
devo um pedido
E preciso
lhe pagar
Pra isso
ser esquecido
Vamos logo
conversar
O que você
me pediu
Ninguém
nunca conseguiu
Não era o
que tu querias?
Me diga
logo, me conte
Você quer
que eu faça a ponte
Com uma ou
com duas vias?
Nessa hora
eu acordei
Com a
mulher me chamando
Assustado
levantei
Pra ela
fiquei olhando
Pois se eu
não fosse chamado
Eu tinha
negociado
E sei que
ele ia querer
Sei que ia
levar canudo
Mas ia
devolver tudo
Só pra ele
me dizer