Autor: José Amauri Clemente
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Não entendia o porquê, mas quando você me colocava nos braços o mundo ficava diferente, as dores aos poucos desapareciam e se alguma lágrima continuava insistindo em rolar, seus dedos macios as eliminavam do meu rosto. Que delicia eram seus beijos e o acariciar das mãos em meus cabelos.
Meus primeiros passos foram como rios de felicidades para você, como eu gostava quando chamava pelo meu nome batendo palmas alguns metro à minha frente esperando que com passos trôpegos eu fosse ao seu encontro.
Meu primeiro dia na escola foi o mais triste, sim, triste por que pela primeira vez tive que ficar em meio aos desconhecidos enquanto via você se esconder saindo pelo portão da escola. Logo me acostumei, aqueles poucos garotos chorões como eu, foram ganhando forças dos outros e passando pra mim, então eu entendi que aquele lugar não era tão ruim quanto eu pensava.
Até os meus nove anos de idade você continuava sendo a mulher mais bonita do mundo, a mais forte, a mais inteligente, a mais elegante, a mais tudo. Em minha adolescência eu continuava te amando muito, mas tinha algumas coisas que me incomodavam, você pegava muito no meu pé, vivia dizendo pra eu tomar juízo, se preocupava com meus estudos, sei lá! eu nem entendia o motivo de tudo isso, mesmo assim eu amava quando saiamos juntos pra tomar sorvete e você sempre dizia: Cuidado pra não sujar a roupa.
Sair com você pra fazer compras era a melhor viagem do mundo, até aparecer a primeira paquera. Eu adorava quando agente passeava junto, mas é que você vivia dizendo que eu tinha que tomar cuidado, isso era chato, eu não podia nem namorar, e olha que eu já tinha treze anos.
Nunca vou esquecer as lágrimas escorrendo pelo seu rosto quando me despedi de você e fui morar em minha própria casa. Você às vezes até reclamava dizendo que eu não lhe dava mais atenção, que meus filhos agora estavam em primeiro lugar, eu sempre lhe dava uma desculpa, bastava um beijo e um abraço apertado e você sempre entendia tudo. Quando tinha um tempinho sempre passava aí pra de dar um alô. Vou confessar uma coisa: Às vezes dava uma vontade danada de passar em tua casa à tardinha depois do expediente, mas o trabalho extra era mais importante e sempre acabava deixando a visita pra depois.
Ô mamãe! Por que eu não te protegi mais? Por que não te abracei mais? Por que não te dei mais atenção? Há Se o tempo pudesse voltar atrás e eu pudesse te dizer tudo isso olhando nos teus olhos, que pena! Hoje tenho somente uma fotografia para abraçar, que pena! Você não pode mais sorrir.