Nordestino
é cabra macho!
Assim
papai me dizia
Ele
nunca passa em baixo
Seja
de noite ou de dia
Não
foge de uma baderna
O
cacho que tem nas pernas
Valentia
é compromisso
Se
ver uma briga boa
Não
foge nem fica atoa
Enfrenta
e mostra serviço
Meu
pai dizia: olhe bem
O
home tem que sê forte
Não
ter medo de ninguém
Mermo
que seja pra morte
Não
abre nem pra o cão
De
tapa mata leão
E
mama em onça pintada
Correr
não ficou pra homem
Quando
encontra lobisomem
Mata
ele de mãozada
Esse
monte de bobagem
Que
papai tanto falava
Ia
me dando coragem
De
vez em quando eu brigava
Quando
pegava um mais fraco
Dava-lhe
um cata cavaco
E
botava pra correr
Que
nos canto que eu chegava
Quem
fosse fraco arredava
No
queria nem me ver
Meu
pai dizia: Vavá
Todo
gordo é ruim de briga
Nascero
para apanhar
Pois
gordo só tem barriga
Aquele
monte de banha
Quando
briga nunca ganha
Nem
no tapa nem no murro
Pois
até pra aprender
Nem
sabe se defender
Eita
desgraçados burro
Eu
de besta acreditei
No
que papai me dizia
Por
muito tempo esperei
Por
mais esta estripulia
E
foi num jogo de bola
Que
eu marquei na cartola
E
olhei pra um gordinho
E
disse vai ser agora
Vô
da nele de espora
Como
faço com o burrinho
Eu
era um branco taludo
Quase
um metro só de perna
Ele
um baixinho troncudo
Eu
pensei: Vai ter baderna
Hoje
eu vô mostrar quem manda
Vou
entrar nele de banda
Se
a bola vier pra mim
E
vô dá-lhe uma rasteira
Jogar
ele na poeira
Que
ele vai comer capim
Só
bastou mesmo eu pensar
Tocaram
a bola pra mim
O
gordinho veio me marcar
Aí
eu pensei assim:
Eu
vô dá-lhe um imprensão
Empurrei
com as duas mãos
Que
a costela estremeceu
Ele
botou corpo duro
Foi
como bater no muro
Quem
caiu pra trás foi eu.
Me
levantei azoado
Vendo
o céu de toda cor
Com
o zoio esbrugaiado
Sentindo
no corpo a dor
Aí
o juiz deu farta
Puxou
do boço uma carta
Vermelha
que nem pimenta
Eu
já quase desmaiando
E
o povo de lá gritando
Tem
sangue no pau da venta
Então
eu pra me vingar
E
pra não ficar pra traz
Parti
para me vingar
Há!
foi pior meu rapaz
Quando
a mão eu estendi
Na
munheca a dor senti
Ele
o braço segurou
Ele
deu-me uma gravata
Pode
crer quase me mata
Até
hoje eu sinto a dor
Só
via o povo gritar
Bem
baixinho quase sumindo
Vai
vavá, vai vavá!
Outros
de longe sorrindo
E
o folego se acabando
Eu
de dor já me cagando
Mais
não podia gritar
Há
gordinho forte peste
Hoje
eu não passei no teste
Dessa
vez vou me lascar
Ô
força descomunal!
Papai
tava era mentindo
Eu
ali passando mal
O
fôlego quase sumindo
O
jogo logo parou
Foi
quando um de lá gritou
Bota
força valentão
O
juiz pra me salvar
Pediu
pra ele me soltar
Ele
me jogou no chão
Eu
deitado na poeira
Com
a cara toda melada
O
povo aquela zoeira
Uma
gritaria danada
Passei
quase meia hora
Para
ter uma melhora
E
saber ande é que eu tava
Foi
uma pisa infeliz
E
se não fosse o juiz
Daquela
eu não escapava
Depois
do caso passado
Quase
uma hora depois
Eu
ainda estropiado
De
um tava vendo dois
Foi
aí que percebi
Que
o cara que agredi
Não
era um gordinho não
Eu
estava era enganado
Já
era um home formado
Era
um infeliz de um anão
Até
que me chegue a morte
Não
sei nem quero saber
Se
gordinho é fraco ou forte
Com
isso deu pra aprender
Talvez
papai “teja” certo
Mesmo
assim não passo perto
Pra
evitar confusão
Mas
pra ver eu me mijar
Basta
só alguém gritar:
Vavá,
lá vem o anão!
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