AUTOR: JOSÉ AMAURI CLEMENTE
Obs. Os erros de português foram propositais, para retratar a linguagem nordestina caipira.
Obs. Os erros de português foram propositais, para retratar a linguagem nordestina caipira.
Seu dotô eu num sô cronta
Essa tá sabedoria
Porem afiná de conta
Tem ela grade valia
Pois ela tem facilitado
E tem dado resultado
Nas coisa que era difici
Mas eu acho seu dotô
Que essa coisa meu sinhô
Tem algum tá feitici
Vô contar a minha historia
Pare aí pra me escutá
Tá tudo aqui na memoria
Eu não vô me demorá
Por favor pare um pouquinho
Me oiça só um tiquinho
Pra ver que eu tenho razão
Pois as coisa pioraro
Depois que o povo inventaro
A tá de televisão
No recanto nordestino
Lá na pequena cidade
Vivi lá desde menino
E tinha felicidade
Pouco se ouvia falar
Dos causo que havia lá
Nas cidades bem maior
Vivia na natureza
Tendo alí toda certeza
Que o lugar era o melhor
Até que num belo dia
Chegou a televisão
Nos encheu de alegria
E muita satisfação
Butaro uma na praça
E foi aquela arruaça
Na hora de inaugurar
Todos nós queria ver
A danada da TV
Que acabou de chegar
E entre os muitos intrito
Que a danada mostrava
Tinha uns jorná bunito
Umas coisa que passava
E quando agente assistia
Dava aquela alegria
De aprender algo novo
E eu prestava atenção
E num intendia não
Como que mostrava o povo
Eu ali me preguntava
Sozinho sem ninguém saber
Como é que funcionava
A danada da tv?
Como era que cabia
Tanta gente todo dia
Dento daquela caxote
Sem contar com os animais
Que ia pra frente e pra traz
Gritando e dando pinote
Até que alguém me falou
Quando um dia preguntado
Que o que ali se mostrou
Vinha lá do outro lado
Mandado por uma antena
Longe inté de fazê pena
E mandado por uns fio
Quando ele me contô
Eu confesso seu dotô
Chegou me dá arrepio
Pois parecia um feitiço
Quando ligava a danada
Se deixava os compromisso
E saia em disparada
Home mulé e minino
Do maior ao piquinino
Sentava e parava tudo
Com os oio arregalado
Todo mundo alí sentado
Tudo caladinho e mudo
Mulé queimava feijão
Somente pra ver novela
Seu dotô, eu num sei não
Que doença triste era aquela
Pois bastava o som tocar
Para o povo se espaiá
Deixar a roça e saír
Levando tamburete e banco
Por dentro dos sucavanco
Somente pra assistir
Parava e ficava oiando
Os movimento na tela
Aquelas image passando
Com umas mulé branquela
E os filme de tiroteio
Que ninguém achava feio
Quando o artista aparecia
Dando tiro murro pernada
E o povo nas gargalhava
Oiando aquilo aplaudia
As garotinha donzela
Toda vez que assistia
As infeliz das novela
Parece que endoidicia
Saia querendo imitar
O que via os pessoá
Fazer na televisão
E os rapaz só contava
O que antes se passava
Em umas tá de sessão
Só se via os minino
Brincando de tiroteio
No só quente tino a tino
Aquilo eu achava feio
Pois antes sempre à tardinha
Ia a turma todinha
Tomar banho no riachão
Agora ninguém quer ir
Por que querem assistir
A tá de televisão
E hoje em dia seu dotô
Aquele encontro dagente
Com o tempo se acabou
Ficou tudo deferente
Hoje não se junta mais
Nem ver moça nem rapaz
Pra brincar de tô no poço
A tarde num tem mais não
As cantiga do sertão
Nem que faça muito esforço
Trouxe um monte de mazela
A tá de televisão
Foi mardita hora aquela
Que teve inauguração
Pois foi desde aquele dia
Que acabou-se a alegria
Das histora e das leitura
Que a gente se sentava
E toda tarde cantava
Com alegria e ternura
A tá de televisão
Retirou toda vontade
Daquelas reunião
Que se tinha com amizade
Pra contar nossa historia
E mostrar nossas vitória
Do campo e pega de gado
Hoje de nós tudo dista
Trocaro pelos artista
Os televisionado
Num se espante meu patrão
Nem pense que tô errado
A mardita televisão
Fez tudo ficá trocado
Hoje eu vejo na famia
Cada um pra suas tria
Num tem tempo pra conversa
A novela tira tudo
Estão junto mais tão mundo
Doidisse da gota é essa!
Vou percurá seu dotô
Um lugar que faça bem
Com gente que dê valô
Ao que de bom inda tem
Quero morar num lugar
Onde possa conversar
Pra dar e ter emoção
Eu quero ser morador
De um lugar que não chegou
O monstro, televisão.