24 de jul. de 2014

O BICHO TELEVISÃO


AUTOR: JOSÉ AMAURI CLEMENTE

Obs. Os erros de português foram propositais, para retratar a linguagem nordestina caipira.

Seu dotô eu num sô cronta
Essa tá sabedoria
Porem afiná de conta
Tem ela grade valia
Pois ela tem facilitado
E tem dado resultado
Nas coisa que era difici
Mas eu acho seu dotô
Que essa coisa meu sinhô
Tem algum tá feitici

Vô contar a minha historia
Pare aí pra me escutá
Tá tudo aqui na memoria
Eu não vô me demorá
Por favor pare um pouquinho
Me oiça só um tiquinho
Pra ver que eu tenho razão
Pois as coisa pioraro
Depois que o povo inventaro
A tá de televisão

No recanto nordestino
Lá na pequena cidade
Vivi lá desde menino
E tinha felicidade
Pouco se ouvia falar
Dos causo que havia lá
Nas cidades bem maior
Vivia na natureza
Tendo alí toda certeza
Que o lugar era o melhor

Até que num belo dia
Chegou a televisão
Nos encheu de alegria
E muita satisfação
Butaro uma na praça
E foi aquela arruaça
Na hora de inaugurar
Todos nós queria ver
A danada da TV
Que acabou de chegar

E entre os muitos intrito
Que a danada mostrava
Tinha uns jorná bunito
Umas coisa que passava
E quando agente assistia
Dava aquela alegria
De aprender algo novo
E eu prestava atenção
E num intendia não
Como que mostrava o povo

Eu ali me preguntava
Sozinho sem ninguém saber
Como é que funcionava
A danada da tv?
Como era que cabia
Tanta gente todo dia
Dento daquela caxote
Sem contar com os animais
Que ia pra frente e pra traz
Gritando e dando pinote

Até que alguém me falou
Quando um dia preguntado
Que o que ali se mostrou
Vinha lá do outro lado
Mandado por uma antena
Longe inté de fazê pena
E mandado por uns fio
Quando ele me contô
Eu confesso seu dotô
Chegou me dá arrepio

Pois parecia um feitiço
Quando ligava a danada
Se deixava os compromisso
E saia em disparada
Home mulé e minino
Do maior ao piquinino
Sentava e parava tudo
Com os oio arregalado
Todo mundo alí sentado
Tudo caladinho e mudo

Mulé queimava feijão
Somente pra ver novela
Seu dotô, eu num sei não
Que doença triste era aquela
Pois bastava o som tocar
Para o povo se espaiá
Deixar a roça e saír
Levando tamburete e banco
Por dentro dos sucavanco
Somente pra assistir
  
Parava e ficava oiando
Os movimento na tela
Aquelas image passando
Com umas mulé branquela
E os filme de tiroteio
Que ninguém achava feio
Quando o artista aparecia
Dando tiro murro pernada
E o povo nas gargalhava
Oiando aquilo aplaudia

As garotinha donzela
Toda vez que assistia
As infeliz das novela
Parece que endoidicia
Saia querendo imitar
O que via os pessoá
Fazer na televisão
E os rapaz só contava
O que antes se passava
Em umas tá de sessão

Só se via os minino
Brincando de tiroteio
No só quente tino a tino
Aquilo eu achava feio
Pois antes sempre à tardinha
Ia a turma todinha
Tomar banho no riachão
Agora ninguém quer ir
Por que querem assistir
A tá de televisão

E hoje em dia seu dotô
Aquele encontro dagente
Com o tempo se acabou
Ficou tudo deferente
Hoje não se junta mais
Nem ver moça nem rapaz
Pra brincar de tô no poço
A tarde num tem mais não
As cantiga do sertão
Nem que faça muito esforço

Trouxe um monte de mazela
A tá de televisão
Foi mardita hora aquela
Que teve inauguração
Pois foi desde aquele dia
Que acabou-se a alegria
Das histora e das leitura
Que a gente se sentava
E toda tarde cantava
Com alegria e ternura

A tá de televisão
Retirou toda vontade
Daquelas reunião
Que se tinha com amizade
Pra contar nossa historia
E mostrar nossas vitória
Do campo e pega de gado
Hoje de nós tudo dista
Trocaro pelos artista
Os  televisionado

Num se espante meu patrão
Nem pense que tô errado
A mardita televisão
Fez tudo ficá trocado
Hoje eu vejo na famia
Cada um pra suas tria
Num tem tempo pra conversa
A novela tira tudo
Estão junto mais tão mundo
Doidisse da gota é essa!

Vou percurá seu dotô
Um lugar que faça bem
Com gente que dê valô
Ao que de bom inda tem
Quero morar num lugar
Onde possa conversar
Pra dar e ter emoção
Eu quero ser morador
De um lugar que não chegou
O monstro, televisão.

23 de jul. de 2014

O VENDEDOR DE MACONHA


OBS. Os erros de português foram escritos propositalmente.

Sô naturá do sertão
De uma cidade pacata
Longe da poluição
Lugá cercado de mata
Onde só se conhecia
Roça, prantação e cria
E gente que muito sonha
E naquele meu lugar
Nunca se ouviu falar
Em prantador de maconha

Até que uns colega meu
Que mudaro pra cidade
Um pro nome Zé Romeu
E o fio de Soledade
Chegaro tudo estranho
Com os cabelo destamanho
E a cara de sem vergonha
Tudo alegre e os pinote
Mostrando dento dum pacote
Um punhadim de maconha

E eu nem sabia o que era
Nem tinha ouvido falar
Daquela grande misera
Fui convidado a provar
Eu fui na suas conversa
Mas ligeiro que depressa
Quisero me convencer
Mas depressa que ligero
Me oferecero dinheiro
Se eu quisesse vender

E me dixero: oia zé,
Isso aqui é bom demais
E se tu inda quiser
A gente consegue mais
Isso vende que só cocada
Em festa de batucada
Que tem minino chorão
Tu vai arrumar dinheiro
Vai ser o maior fazendeiro
Daqui dessa região

Ai eu fiquei izibido
Quando falou em inricar
Mas que era proibido
Ninguém chegou a falar
Eu num sabia dotô
Que aqueles impostô
Tava me dando peçonha
E eu metido a esperto
E achando que era certo
Pensei a vender maconha

Eles guardaro o pacote
E eu nem cheguei a provar
Saíro dano pinote
E eu fiquei a pensar
Vou vender esse negoço
Mermo assim sem ter um sócio
Vou fazer comerciá
E sendo eu o primeiro
Antes do mês de janeiro
Acho que vou inricar

O fio de soledade
Que era o mais mandingueiro
E cheio de muita mardade
Foi me precurar primeiro
E dixe com farsidade:
Devido a nossa amizade
E por tu ser boa gente
Tô pensando em negociar
E quero te convidar
Pra você sê meu gerente

Nós vamo vender baguio
Que é pro povo fumá
Isso vai te dá orgoio  
Pode em me mim confiar
Agora guarde segredo
Não é por que tô com medo
Nem querendo te enganar
Eu vou deixar estes lote
Guarde aí esse pacote
Que depois eu “vem” buscar

Faça logo comerciá
Ofereça a muita gente
Quando alguém te preguntar
Diga assim: Eu sô gerente
Pra não haver concorrênça
Vô dexar tu na gerença
Não diga que eu tô no meio
Afiná tô com outros negocio
Vou fazer de tu meu sócio
Pois de trabaio já tô cheio

Oia zé, faça uma premessa
Que tu vai guardar  segredo
Num diga que eu tô nessa
Oi, num é porque tô com medo
Afiná, eu sô é home
Eu quero que tu pegue nome
Na vizinhança ligero
Pois quero lhe ajudar
Quero ver você ganhar
Um bucado de dinheiro

Agora tenha cuidado
Tem muita gente invejosa
Esse povo malcriado
Que fica dizendo prosa
E é fácil conhecer
Alguém que quer concorrer
Vendendo isso também
Se aparecer concorrente
Eles vão ficar doente!
Não conte isso pra ninguém

Farta só uns decumento
Pra regularizar a venda
Digo a você e sustento
Acredito que me entenda
Logo logo vão chegar
Uns home pra acertar
Os papé que tá fartano
Afiná num tá errado
E se fizer com cuidado
Vai dar certinho nosso prano

Porém o que eu não sabia
Era que o desgraçado
Pro causo de estripulia
Tava sendo precurado
E mermo pro causa disso
Tava um grande ribuliço
Os sordado precurando
Pruque ficaro sabendo
Que alguém tava vendendo
Maconha e negociando

E muito não demorou
Depois que o infeliz saiu
Uns policiá chegou
Oiô pra mim e sirriu
Não tamo desconfiando
Tamo só analisando
Pra ver a situação
Pois já fiquemo sabendo
Que alguém está vendendo
Bagui nessa região

Eu dixe: Misericórda
E vocês já tão sabendo
Será que vocês concorda
Com o que eu tô vendendo?
Eu acho que vocês qué
Mas tá fartando os papé
Pois inda farta comprar
Mas aqui tem um pouquinho
Vou embruiá um tiquinho
Prumode vocês fumá

Oi, num precisa pagá
É presente pra você
Pois é preciso agradar
Os criente que aparecer
E oi! Eu já tô contente
Pois sendo o eu o gerente
Desse negocio que é novo
Preciso sê bem legá
Que é pro mode agradar
E fazer feliz o povo

É você que tá vendendo?
O sodado preguntô:
Que que você tá querendo?
Quem você pensa que sô?
Vem me oferecer maconha
Seu cabra vei sem vergonha
Pense bem, tenha cuidado
Pois se isso for verdade
Vou botar você na grade
Pra falar com o delegado

 Eu dixe: Que delegado?
O que assina os papé?
Me respondeu o soldado:
Sim, o capitão Manué
Pois eu quero conhecer
E a ele oferecer
A minha mercadoria
Pra o povo ficar sabendo
Que o que eu tô vendendo
É de muita garantia

Fique sabendo o sinhô
Eu dixe para o sordado
Sei que o sinhô já fumô
E não fique envergonhado
Pois minha mercadoria
Tem aqui grande valia
E todo mundo já sabe
Fique o sinhô informado
Que o tenho alí guardado
Dentro da mala não cabe

O senhor está falando
Que tem maconha guardada?
Está assim nos contando
Com sua cara safada?
- Sim sinhô eu respondi
Foi aí que recebi
Um murro tão desgraçado
Que confesso meu irmão
Que pensei que um caminhão
Tinha me atropelado

Caí com a cara no chão
Senti alguém me puxar
E me dá um sucavão
Ai ví  coisa ingrossar
Com grito de ameaça
Pegou no fundo das calça
E antes de eu perceber
Me jogou no camburão
Fechou a porta com a mão
E dixe: Aí dá pra você!

Eu gritei ô meu patrão
O sinhô tá inganado
Não me faça confusão
Nem me leve ao delegado
Pois eu pensei que o sinhô
Vinha fazer um favor
Pra tudo fica certinho
Pra regular os negoço
Trazer os papé de sócio
E sê tudo direitinho

Mas tô vendo meu patrão
Que me enganei outra vez
Bonzin vocês num são não
E já sei quem são vocês
Vocês são das concorrença
E toda essa violença
É pra tomar meu lugar
Mas vou lhe dizer de jeito
Vou precurar meus direito
Vamos ver quem vai ganhar

Há meu patrão foi terrive
Me levaro pro xadrez
Me dero uma pisa horríve
Apanhei por vinte e três
Passei uns seis mês trancado
De maconheiro acusado
Sem ter ninguém do meu lado
E os fio de soledade
Vortaro para a cidade
Nunca mais foro encontrado

A partir daquele dia
Nunca mais eu quis saber
Daquela grande agonia
Nunca mais vou esquecer
Hoje quando alguém critica
Ainda escuto a tabica
Zuando no pé do ouvido
Se cem anos eu viver
Nunca mais vou esquecer
Desse causo acontecido

Hoje pra aceitar ajuda
E para querer um favor
Não permito que me iluda
Seja qualquer um que for
Sou um rapaz informado
Não vou mais ser enganado
Nessa causa eu não esbarro
Agora tô mais esperto
Hoje eu não passo nem perto
De uma bituca cigarro.

Fato fictício
Todos os direitos reservados


ANTES DE JESUS VOLTAR



JÁ PLANEJEI MUITAS COISAS
PRETENDO REALIZAR
VOU CITAR ALGUMAS DELAS
EM VERSOS VOU DECLARAR
O QUE QUERO ATINGIR
ANTES DE JESUS VOLTAR

QUERO PREGAR PRA MEUS PAIS
AMIGOS E COMPANHEIROS
LEVAR A MENSAGEM SANTA
PRA TODOS OS BRASILEIROS
SEJA LÁ POR ONDE FOR
QUERO FALAR DO AMOR
DE JESUS MEU COMPANHEIRO

ANTES DE JESUS VOLTAR
QUERO MOSTRAR PARA O MUNDO
QUE SUA MORTE NA CRUZ
FOI O AMOR MAIS PROFUNDO
MORREU PRA SALVAR O RICO
E O POBRE MORIBUNDO

ANTES DE JESUS VOLTAR
QUERO ASSIM TESTEMUNHAR
MOSTRAR QUE COM CARIDADE
É POSSÍVEL CONSERTAR
UM MUNDO QUE TANTO SOFRE
SEM ESPERANÇA ENCONTRAR

QUERO DEDICAR MEUS BENS
MEU TEMPO E MINHA ORAÇÃO
PRA FALAR DA ETERNA GRAÇA
E DA GRANDE SALVAÇÃO
QUE JESUS VIRÁ EM GLÓRIA
PARA DAR O GALARDÃO

ANTES DE JESUS VOLTAR
QUERO REALIZAR MEU SONHO
POR ISSO ORO BASTANTE
JESUS EM MEUS PLANOS PONHO
MESMO VENDO NESTE MUNDO
UM SOFRIMENTO MEDONHO

PARA QUE TUDO ACONTEÇA
E MEUS SONHOS DEÊM CERTO
PRECISO ME DECIDIR
POIS SEI QUE O FIM ESTÁ PERTO
TOME ESTA DECISÃO
ACEITE HOJE A SALVAÇÃO
POIS SEI QUE TU ÉS ESPERTO.

José Amauri Clemente